Conjunto
de faiança moldada e relevada para ovos quentes. O serviço, pintado
manualmente, é composto por bandeja, saleiro e dois oveiros. A bandeja, de
forma oval oblonga com três círculos incisos é marmoreada em tons de
castanho-claro e recebeu um acabamento a lustre. As asas são vazadas e a preto.
Os dois oveiros, copos zoomórficos brancos de pé circular, em forma de pintos
suportando meia casca de ovo, pintados a amarelo com bicos e patas a laranja e
olhos realçados a preto, estão colocados lateralmente. Ao centro, o saleiro,
representando um pinto de asas abertas saindo da casca, nas mesmas cores dos
anteriores, embora na cabeça, junto ao bico, apresente um triângulo a preto.
No
fundo da base da bandeja, carimbos a verde Gilman & Cdtª – Portugal e B.
Inscrito na pasta D 70 (?). No fundo da base de um dos oveiros, igual carimbo
da fábrica, embora de menores dimensões, complementado por um M carimbado
também a verde. Apresenta ainda, em relevo, algo ilegível, embora deva ser
154-A, dado o outro oveiro apenas apresentar essa numeração em relevo. O
saleiro não apresenta qualquer marca.Data: c. 1935-40
Dimensões: Várias. Bandeja: comp. 18,7 cm x larg. 6,6 cm
O
serviço aparece referenciado com o nº 154 nas tabelas de preços de faianças
decorativas de 1941 a 1951. Todavia, na tabela de 1941 cada peça aparece
isoladamente descriminada num registo alfanumérico. Assim, os dois oveiros
surgem sob o número 154 A, o saleiro 154 B e a bandeja 154 C (a referência aos
preços deixamos para o nosso caro MAFLS). Nas tabelas de 1945 aparece, então,
pela primeira vez sob o número 154 e como designação de conjunto «Serviço de
ovos formato Pintos», numeração que se mantém na tabela de 1961 embora passe a
«Serviço para ovos formato Pintos». Face
a esta situação, o exemplar que possuímos é de fabrico anterior a 1945 sem
qualquer dúvida.
Encontra-se igualmente documentado em fotografia a preto
e branco, datável de 1941, no acervo do Museu de Cerâmica de Sacavém / Centro
de Documentação Manuel Joaquim Afonso (MCS-CDMJA), que apresentamos e cuja
cedência mais uma vez agradecemos.
Numa época em que os interiores se enchiam de
inúmeros objectos decorativos, esta peça enquadra-se numa vertente lúdica do gosto art déco na estilização irónica e
quase infantil de uma certa produção animalística internacional da época, mesmo
no contexto de uma cerâmica que, em princípio, seria apenas utilitária.
Como em Portugal o gosto por comer ao pequeno-almoço
ovos quentes nunca se generalizou, objectos como este adquiririam apenas uma
função decorativa. Este exemplar aponta nesse sentido, dado nunca ter sido
usado, como se pode observar pelo estado de conservação excepcional em que se
encontra.
Estamos muito certamente perante um modelo
importado, mas, até à data, ainda não detectámos a sua origem.
Modelo
idêntico foi produzido, em porcelana, pela S. P. – Coimbra como mostraremos.
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