quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Cabrito de João da Silva – Rosenthal - Alemanha

Ainda no capítulo de crias de animais, embora com outro espírito, apresentamos hoje um cabrito do escultor português João da Silva (1880 - 1960), editado pela alemã Rosenthal. MAFLS já apresentou uma outra versão cromática deste mesmo modelo.


Peça de porcelana moldada e relevada figurando um cabrito branco com apontamentos pintados à mão, a castanho, sobretudo nas patas, cauda, cabeça e orelhas, com olhos  realçados a preto. O naturalismo da peça revela o olhar atento do artista que como bom escultor animalista soube captar perfeitamente o momento em que o animal interrompeu a brincadeira para, dobrando a cabeça para trás, coçar o dorso. No entanto, o naturalismo é mitigado pela espontaneidade da solução plástica dada à pelagem, em contraste com o tratamento mais realista, pleno de detalhe, da cabeça. No ventre do animal, carimbo verde Rosenthal Germany. Inscrito na pasta, João da Silva e nº 836T (modelo).
Data: 1939 (de acordo com o carimbo)
Dimensões: Alt c. 19 cm x comp. c. 17 cm


Para além de cabritinhos, a Rosenthal editou em porcelana outros animais criados por João da Silva, caso de pintos ou de patinhos em diversas posições, estes últimos também reproduzidos pela Vista Alegre. Esculturas de qualidade, graciosas e conservadoras, que terão sido concebidas na década anterior, e naturalmente apropriadas à época em que foram produzidas na Alemanha. A par de Canto da Maia, João da Silva será o mais internacional dos escultores portugueses do século XX.
 
 
Nascido em Lisboa, a 1 de Dezembro de 1880, João da Silva, depois dos estudos em Portugal, na Escola Industrial Príncipe Real, onde se havia matriculado em 1893, viajou para Paris onde estudou na Escola de Belas-Artes. Depois de, em 1900, ter apresentado duas peças na Exposição Universal de Paris, no ano seguinte foi para Genebra onde ingressou na Escola de Artes Decorativas.

Na Exposição do Rio de Janeiro de 1908, partilhou o 1.º prémio ex-aequo com René Lalique, e, no mesmo ano uma menção honrosa no Salon de Paris.


Autor de uma vastíssima obra escultórica, foi dele o Busto da República, entretanto desaparecido, concebido para a Assembleia Constituinte e inaugurado no Parlamento em 1911.
 
Morreu em 1960, na cidade onde nasceu, e está sepultado no Cemitério dos Prazeres. Sobre este escultor ver mais aqui.
 
Legou ao país a sua casa e grande parte da obra que viria a dar origem à Casa-Museu João da Silva que hoje, graças â mediocridade habitual de quem decide, se encontra ao abandono e, ao que parece, muito degradada.


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