Placa circular para bolos, de cerâmica
moldada de cor branca com decoração estampilhada e aerografada, de três
círculos concêntricos, dois a castanho – que englobam as pegas, e envolvem um a
amarelo, na periferia e motivo de duas folhas ao centro, em castanhos e
vermelho. Na base, carimbo castanho Villeroy & Boch – Dresden –
Saxony, e nº 7785 (decor). Inscrito na pasta: 3273 e algo mais não legível
Jarra globular, de faiança moldada de cor
branca com decoração estampilhada e aerografada, com o mesmo motivo da base de
bolos. Bocal arerografado a castanho esfumando-se a amarelo. No fundo um ténue sfumato amarelo. Na base, carimbo
castanho Villeroy & Boch – Dresden – Saxony e nº 7785 (decor).
Data: c. 1930Dimensões da base: 29,5 cm (31,5 cm com pegas)
Dimensões da jarra: Alt. c. 11 cm x larg. c. 10 cm
Tal revolução dá-se na Alemanha com a vulgarização dos ideais da Bauhaus
aplicados durante a República de Weimar com intenção de democratizar as
vanguardas artísticas que assim, paulatinamente, entravam na vida quotidiana das
classes mais desfavorecidas da sociedade alemã. Não nos podemos esquecer que no
começo da II Guerra Mundial 42% dos alemães ainda eram camponeses.
A cerâmica barata desempenhou
um papel importante na expansão do modernismo na sua vertente art déco graças aos motivos abstractos
geométricos que se aplicavam aos objectos de formas simples do quotidiano. A
partir de 1925 uma versão mais decorativa e mais comercial da corrente
modernista adquire uma certa popularidade na Alemanha, que, no entanto,
rapidamente extravasou fronteiras com a exportação de peças para todo o mundo,
tendo muitas fábricas noutros países começado a reproduzir e criar a partir
destes modelos. Inclusive Portugal, sobretudo na Fábrica de Loiça de Sacavém.
Esta euforia criativa e
industrial foi brutalmente estancada com a tomada do poder pelos nazis em 1933.
Hitler manda então destruir toda a “arte degenerada”, produzida por “judeus e
comunistas”, conceito que também englobou a produção cerâmica que viria a ser
destruída nas fábricas. Os modelos que se seguiram passaram a respeitar a
tradição nacional germânica de contornos profundamente conservadores. Uma das
vertentes das nossas colecções tenta reflectir o espírito do modernismo e da art déco ao tempo da República de Weimar.
Curiosamente, no Estado Novo português durante as décadas de 30 e 40 é esta “arte
degenerada” que vai ser difundida, como temos vindo a mostrar.
Ora a Villeroy & Boch mostrou-se
particularmente prolífica produzindo inúmeros artigos festivos, modernos e
coloridos, sobretudo na sua unidade de Dresden, caso das peças que hoje
apresentamos.
As origens da Villeroy &
Boch remontam a 1748, onde na pequena aldeia francesa de Audun le Tiche, François
Boch (1695–1794) instalou uma fábrica de faiança fina de
sociedade com os seus três filhos. Mais tarde, em 1766, a sociedade mudou-se
para o vizinho Luxemburgo onde abriu uma segunda fábrica em Septfontaines. Em 1809 já tinha também instalado uma
outra fábrica no mosteiro de Mettlach, na Alemanha, próxima da fronteira com o
Luxemburgo. Em 1836 associou-se a outro rival, Nicolas Villeroy (1759-1843), dando origem à firma Villeroy &
Boch, ou V&B, ou simplesmente VB. Em 1851 a nova
companhia comprou a fábrica de porcelana de Tournai que mantém até 1871. Outras
fábricas foram sendo adquiridas em Schramberg (1883), Torgau (1926), Dresden
(1923-1935). A companhia vai ser um caso de sucesso a partir do fim da II
Guerra Mundial devido a uma política muito criativa de novos modelos e decorações.
Abriu novas fábricas na Bélgica e em França, encerrando, no entanto, a de
Septfontaines no Luxemburgo em 2010. O centro de controlo continua em Mettlach.
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