Escultura de grandes dimensões de porcelana moldada e relevada em forma de mulher desnuda, com panejamento entre os braços que, caindo, tapam parte das costas. A figura está sentada sobre a perna esquerda tendo a perna direita flectida onde apoia o braço direito com cuja mão ajeita o cabelo, que observa no espelho que segura na mão oposta. Desconhecemos a sua data de criação. Contudo, estamos em crer tratar-se de uma peça da segunda metade dos anos 20 ou inícios de 30, dado o corte de cabelo e a figura, uma reinterpretação de Vénus clássica, ser ao gosto art déco. No soco, inscrito na pasta, a assinatura do seu escultor, Catany (?) Nagy. Este exemplar tem na base carimbo azul Herend – Hungary e Handpainted, e corresponderá a 1952. Inscrito na pasta carimbo Herend e, à mão, 5723. A peça continua ainda hoje a ser editada pela fábrica, embora em exemplares de menores dimensões, tanto em versão branca como policroma.
Dimensões: alt. c. 39 cm
Comprar peças art déco húngaras revelou-se-nos um problema sério. Sobretudo no que diz respeito às peças produzidas pelas suas duas principais e mais conhecidas fábricas: a Manufactura de Porcelanas Herend, fundada em 1826, e a fábrica Szolnay, fundada em 1853. Muitas peças, criadas em anos anteriores à II Guerra Mundial, continuaram a ser produzidas até hoje.
Esta figura de mulher, comprada na nossa primeira estadia em Budapeste, foi-o fora do circuito turístico da cidade, em cujo centro se encontram dezenas de exemplares idênticos em tudo quanto é montra, embora de menores dimensões, à venda nas suas diferentes versões cromáticas. A senhora que nos vendeu a peça bem nos avisou que esta “era ainda das boas, antiga”. Já em Lisboa, soubemos que a marca correspondia a 1952. Anos antes, na nossa segunda estadia em Viena, havíamos comprado uma escultura animalística, que futuramente mostraremos, com a qual ficámos, inicialmente, muito entusiasmados. A desilusão, ou talvez não, viria depois, quando, anos mais tarde, viajámos até Budapeste. Objectivamente, ainda estamos para saber o que pensar. Haveremos, então, de relatar o sucedido.
2 comentários:
Boa noite, MUONT.
Apenas umas breves notas para referir que a Herend tem curiosa relação com Portugal e a Vista Alegre.
Durante a II Guerra Mundial um do seus accionistas, Gyula Gulden, foi cônsul em Portugal, mercado para onde a Herend já exportava durante a década de 1930 e exportou em muitíssima maior quantidade durante o período de 1940 a 1943 – nestes anos o seu valor foi cerca de 40 (!) vezes superior ao do ano de 1938.
Em 1952 Andor Hubay Cebrian, accionista e escultor da Herend, aceitou um convite da VA para ser o seu director artístico, estando parte do seu percurso em Portugal relatado na obra Uma Vontade Indomável: De Budapeste ao Estoril (2003), de Edle Astrup Hubay Cebrian.
A terminar, devo referir que, entre as dezenas de nomes de escultores e modeladores referidos na obra Herend (1989), de Gyözö Sikota, não encontrei nenhum que coincida com o que menciona.
Saudações!
Caro MAFLS,
Obrigado mais uma vez por estes esclarecimentos e informações tão interessantes.
Quanto à assinatura, o escultor deve ser artista de segunda linha na Hungria, apesar do sucesso da peça. Com a qualidade dos artistas plásticos que se podem admirar na Galeria Nacional é preciso ser muito bom para ser mencionado. De facto, também não consta em nenhuma da bibliografia húngara que possuímos.
Cumprimentos
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