segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Caixa art déco - GAL


Como por vezes acontece, os outros blogues à cerâmica dedicados inspiram-nos a seleccionar a peça a apresentar. Assim, a propósito do jarro postado por MAFLS, escolhemos uma peça desta fábrica marginal da produção portuguesa que foi a GAL.

 
Trata-se de uma caixa, provavelmente uma biscoiteira, de faiança moldada, de forma abaulada, ovoide e subtilmente quadrilobada, assente sobre dois pés corridos lateralmente. A tampa acompanha o desenho da taça e tem pega trapezoidal. É de cor beije com decoração geométrica aerografada sobre o vidrado, idêntica à do referido jarro. Uma composição linear, em que duas faixas paralelas, desencontradas, são interligadas por faixa vertical a eixo. As faixas, bicromas, a verde e castanho avinhado, repetem-se junto aos bordos da taça e da tampa. Pés e pega são realçados a castanho. No fundo da base, escrito à mão a castanho, Gal 230/39.
Data: 1935-37
Dimensões: Comp. c. 20 cm x larg. c. 14 cm


Por paralelismo com o referido jarro estaremos perante a forma nº 230 correspondendo o nº 39 à decoração.

Como nos informa MAFLS a fábrica apenas subsistiu cerca de dois anos. Fundada a 27 de Junho de 1935, a empresa foi dissolvida a 20 de Dezembro de 1937, e localizava-se na Rua Alves Torgo, 279, em Lisboa.

Tal como temos vindo a ilustrar, a produção alemã da República de Weimar, de finais dos anos 20 e inícios da década seguinte, foi o motor impulsionador de uma nova estética que revolucionou formas e decorações. A sua influência teve larga divulgação internacional, vindo a ser copiadas ou adaptadas em vários países, de que os EUA e Portugal são exemplos.

Para além de outras fábricas nacionais sobre as quais já tivemos oportunidade de escrever, a GAL encontra-se entre as que mais sofreram essa influência, caso da peça mostrada por MAFLS, que poderá ser uma cópia de um modelo que ainda não detectámos, mas que será, pelo menos, baseada em um jarro concebido pela Carstens-Georgenthal, de c. 1931, que ilustramos, embora o bico remeta para uma peça da Carstens-Gräfenroda, da mesma datação, que haveremos de mostrar, e a tampa com pega de outra. O mesmo se passa com a caixa de hoje e de outras peças que haveremos de postar desta tão pouco conhecida fábrica. 


Daí a importância e o interesse de existirem blogues sobre cerâmica que contextualizem, na sua troca de informação, dados que possibilitem uma leitura outra da produção cerâmica da época, sobretudo nacional. É por isso que estamos cada vez mais convictos que sem conhecermos a produção cerâmica estrangeira, sobretudo alemã, francesa e inglesa, e mesmo a italiana para outro período, não poderemos entender a produção portuguesa.

2 comentários:

MAFLS disse...

Caríssimos: Lá terei que retribuir em breve com uma imagem da jarra 15-G da Aleluia... :)

AM-JMV disse...

Caro MAFLS,
Vamos a isso! :)
Saudações