Jarra de faiança moldada, periforme, com decoração pintada à mão. O bojo pronunciado é decorado com faixas torcidas, a cor-de-tijolo e preto intercaladas, com composições vegetalistas espiraladas à maneira dos grotescos renascentistas, separadas por listas brancas. Estrangula num anel relevado branco, de onde parte o gargalo lotiforme cor-de-tijolo. O branco do interior morre no bocal curvo. No fundo da base, carimbos pretos, um circular sobre rectângulo, com «Aleluia-Aveiro», outro, «Made in Portugal hand painted». Pintado à mão, a preto, x, dentro do carimbo circular, e 148 X. No frete, também à mão, outro X.
Data: c.
1940 - 50
Dimensões: alt. 29 cm
A forma, que remete para a de algumas peças chinesas,
é a nº 148 e a decoração será a X. No Catálogo de loiças decorativas de inícios dos anos 40 aparece a forma
nº 148 com outras decorações (A e B) e decoração idêntica surge associada a uma
jarra de modelo completamente distinto sob o nº 15 – G (forma e decor).
Dada a numeração alfanumérica elevada e o não
figurar no referido catálogo, poderá indiciar uma forma e decoração da produção
de 1935-45 mas já de feitura posterior, possivelmente da segunda metade dos
anos 40. Todavia não o podemos afirmar.
De qualquer maneira a decoração aproxima-se também da
de uma jarra da Vista Alegre, com marca de 1924 a 1947, que ilustramos, exposta
no museu da fábrica e que um amigo nos fez chegar. Tal como já havíamos
referido, a proximidade geográfica entre os dois centros de produção cerâmica
levava à circulação de técnicos e operários e daí as semelhanças formais e
decorativas que se encontram em muitas peças de ambas as proveniências.
Continuaremos a mostrar exemplos desta contaminação.
A jarra de hoje tem uma história curiosa, pois chegou
às nossas mãos de forma particularmente diferente. Em encontro casual, e dado
tratar-se de um conhecido colecionador, conversámos sobre os interesses comuns.
Trocámos contactos. Passado uns tempos telefonou-nos dizendo que estava
interessado em desfazer-se de um pequeno conjunto de peças. De vez em quando há
necessidade de fazer opções, mais que não seja por uma razão tão prosaica como
a falta de espaço – também nós já o fizemos com objectos que em determinado momento
das nossa vidas fizeram sentido mas que passados uns anos já não era possível manter.
Outros há que mesmo já sem fazer qualquer sentido nas colecções os mantemos por
razões mais afectivas que racionais.
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