Na sequência da série de «tipos populares portugueses» criados por Fernando da Ponte e Sousa (1902-1990) para a SECLA durante a década de 50, publicados pelo blogue Cerâmica Modernista em Portugal (CMP), sobretudo a expressiva figura feminina «talvez uma vendedeira ou lavadeira» ou uma simples dona de casa, que ilustrou em 11 de Fevereiro de 2013, apresentamos uma versão desta com outras roupagens. Felizmente para nós a descrição formal da peça encontra-se aí feita, pelo que tivemos a vida facilitada.
A pequena escultura
de faiança moldada, com decoração policroma pintada à mão, representa uma
figura estilizada de mulher popular, gorda e maternal, em «pose empertigada, de
mãos na cintura e barriga empinada», de regateira, cabelo preto com «carrapito
no alto da cabeça, os seios fartos e pesados» que a blusa verde-alface cobre,
a ampla saia comprida, com motivo floral, «coberta pelo avental» branco
debruado a castanho-mel, sob a qual sobressaem os sapatos castanhos, reforçando
a «expressividade satírica garantida pela habilidade do modelador [que compôs um]
verdadeiro cartoon em três dimensões». No fundo da base, pintado à mão,
a preto, PS
09, Secla Portugal, R.P.. Mantém, ainda, resto de uma etiqueta de papel.
Data: c. 1955
Dimensões: Alt. c. 11,5 cm
Do conjunto de tipos
populares portugueses será,
todavia, a que nos revela uma certa
transversalidade do estereótipo de um determinado tipo de imagem feminina no
imaginário ocidental.
A peça, como diz CMP e
nós concordamos plenamente, é claramente decalcada do «universo da
banda desenhada, tanto nacional como internacional» embora em nossa opinião com
particular ênfase na personagem maternal de «Os Sobrinhos do Capitão» cuja lembrança perpassa também nas nossas
memórias de infância (o pai de um de nós possuía tudo quanto era Cavaleiro
Andante, Mundo de Aventuras, O Falcão, etc.), enquanto apreciadores, que ainda
somos, de banda desenhada. Havia mesmo quem sonhasse com as empadas cobiçadas arrefecendo,
fumegantes, à porta ou à janela… De tal modo familiar às nossas lembranças de
meninos, que tantas mulheres vimos que se lhe assemelhavam, que foi logo por
nós baptizada de “Narcisa”.
2 comentários:
Hummm... Estou a reconhecer esta moça de algum lado.
;-)
CMP*
Talvez do Bolhão, da Ribeira ou de Mishawaka - Indiana!
;-)
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