terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Jarra Arte Nova Denbac nº 11- França


Jarra de grés moldado, piriforme, de gargalo alto e estreito em cujo topo emergem tenuemente relevos orgânicos que, acompanhando as escorrências dos próprios esmaltes, em diferentes tons de terras acastanhados, escorrem ganhando volume, destacando-se do corpo da peça formando, assim, quatro pequenas asas curvas, exteriormente angulosas, que no bojo se voltam a dissolver em sugestões curvilíneas vegetalistas que se entrelaçam, deixando entrever de permeio granulosas sementes ou frutos. No fundo da base, inscrito na pasta 11. Denbac
Data: c. 1910
Dimensões: Alt. c. 25, 5 cm


Na organicidade plástica da peça encontramos eco das criações de Hector Guimard. Uma sugestão de vegetação devoradora que tudo envolve e asfixia, selvagem e ameaçadora. Daí um dos seus fascínios. Esta foi a primeira que comprámos, em 2007, curiosamente na Alemanha. Hoje possuímos um pequeno núcleo de peças produzidas entre cerca de 1910 e 1935. As datações são mais ou menos aproximadas. O exemplar que mostramos será dos primeiros se tivermos em consideração a numeração presente que a identifica.


O ceramista René Denert (1872-1937) fundou em Vierzon, um atelier cerâmico, em 1908. No ano seguinte o atelier passou a firma com o seu nome. Em 1910, René Louis Balichon (1885-1945) torna-se sócio da empresa onde vai desenvolver a rede comercial, racionalizar a produção e elaborar catálogos com o inventário sistemático da quase totalidade das centenas de modelos criados por Denert e seus colaboradores. Estarão inventariados cerca de 670 dos 750 a 800 modelos produzidos
O novo nome da sociedade virá a reflectir os apelidos dos fundadores: Den, de Denert, bac, de Balichon.
Enquanto gestor, Balichon criou não só uma variada rede de lojas de retalho, como também forneceu os grandes armazéns de Paris, caso das Galerias Lafayette e Printemps, e exportou para o estrangeiro. Explorou também parcerias com empresas de perfumes e de bebidas, como a Cointreau ou Marie Brizard, para as quais foram criados múltiplos recipientes em grés e porcelana.
Reflectindo a época turbulenta em que laborou, a empresa encerrou por duas vezes durante as guerras mundiais.
Com a morte de Denert, em 1937, a companhia começou a conhecer dificuldades, agravadas com o encerramento devido à guerra. Balichon morreu em 1949, tendo os seus herdeiros continuado à frente da fábrica até ao fecho definitivo em 1952.
Caracterizadas sobretudo por um estilo Arte Nova já tardio e muito orgânico, as peças Denbac são facilmente reconhecíveis pelos seus esmaltes espessos, mates, aveludados, maioritariamente com subtis gradações de cor e muito agradáveis ao tacto, que fazem o seu encanto. No entanto, e de acordo com a época, produziu também interessantes peças Art Deco, de formas muito geometrizadas, mantendo a qualidade dos esmaltes, agora por vezes fortemente contrastados.


Durante anos ignoradas por museus e colecionadores, estas criações começaram a ser, há já alguns anos, objecto de paixão. Embora a grande maioria continue relativamente acessível, certos exemplares por vezes atingem preços considerados impensáveis há bem pouco tempo,
Em Lisboa não somos os únicos a gostar destes objectos, outros apreciadores avisados tiveram o péssimo gosto de terem constituído colecções com peças de fazer inveja a qualquer amante de cerâmica. Achamos tal atitude completamente execrável. Sobretudo depois de vermos algumas peças que, como é evidente! detestaríamos possuir…
Para conhecer a boa e variada produção desta fábrica ver aqui