Jarrão bojudo de argila vidrada com esmaltes
espessos que formam relevo, de base creme com decoração de espinhos a preto,
formando uma quadrícula oblíqua que vai estreitando em direcção à base e ao
gargalo, enquadrando rosas a preto e castanho alaranjado estilizadas ao gosto Arte
Nova mackintoshiano. Na base, marcado na pasta, KTK inscritos num quadrado (de Kunsttöpferei Tonwerke Kandern) e 933 e 4.
Data: c. 1905-10Dimensões: c. 25 cm x c. 25 cm
As
peças produzidas em KTK, como é o caso do jarrão de hoje, embora não tenha a
assinatura de Max Laeuger sobreposta à da própria manufactura, é, quanto a nós, sem
dúvida da sua autoria. Veja-se o exemplar
idêntico devidamente identificado exibido na Exposição de Bruxelas de 1910 (in catálogo: BREYER, Robert – German arts and crafts at the Brussels exhibition. Stuttgart:
Julius Hoffmann, 1910, p. 118).
Neste modelo, tal como no nosso, regista-se a presença
das características rosas estilizadas à maneira de Mackintosh revistas pela Secessão
Vienense.
Max
Läuger ou Laeuger, (1864 – 1952) foi um dos mais importantes
designers alemães. Criador multifacetado, trabalhou tanto arquitetura de interiores e jardins
como o desenho industrial, a pintura, a cerâmica e o vidro, por exemplo. Tendo
estudado na Academia de Artes e Ofícios, em Karlsruhe, de 1881 a 1884, onde vai
dar início a uma bem sucedida carreira de ceramista, passa a ensinar desenho e modelagem
na mesma escola até 1898, tendo passado a professor em 1894. Em paralelo, em 1885,
estuda arquitectura de interiores e jardins, na Universidade Técnica de
Karlsruhe.
As
fábricas de cerâmica de Kandern estavam em crise nos finais do século XIX. A produção
tradicional de aquecedores cerâmicos a que, sobretudo, se dedicavam foi
arruinada pela nova produção industrial de aquecedores de ferro fundido que
então invadiam o mercado. Para tentar minorar a gravidade da situação, o
Ministério do Comércio do Grão-Duque de Baden escolheu Max Laeuger para modernizar
a produção cerâmica desta cidade do Grão-Ducado de modo a ensinar os ceramistas
tradicionais a inovar as suas produções de acordo com as novas tendências
decorativas da altura. Assim, quando em 1893 Laeuger começa a trabalhar na Tonwerke
Kandern, de onde provêem as primeiras cerâmicas datadas, a sua primeira fase
criativa segue as tendências formais da Arte Nova (Jugendstil) com predomínio
para os motivos vegetalistas, com padronagens repetitivas e regulares. Laeuguer
manteve as técnicas da cerâmica tradicional criando novos padrões decorativos. Alia,
assim, a perfeição do artesanato de alta qualidade à produção industrial. Um
dos princípios fundamentais da Deutscher Werkbund (da qual foi co-fundador em 1907), e,
posteriormente, da Bauhaus, como já tivemos oportunidade de dizer quando
falámos de Paul Speck.Suceder-se-ão, depois, as influências da Secessão alemã e do Wiener Werkstätte. Em ambas as fases a tendência é para o preenchimento total das superfícies cerâmicas. Só depois de 1920 aparecem animais e figuração humana nas suas criações, que vão ganhando um estilo cada vez mais expressionista. É neste período, de 1921 a 1929, que é director do departamento de design da "Staatliche Majolika Manufaktur" em Karlsruhe, de que haveremos de mostrar outra jarra.
Durante os anos 30 e até 1944, Max Laeuger trabalhou como artista independente até ao bombardeamento do seu estúdio, em Pinneberg,após o que regressou a Lörrach, sua terra natal.
As peças cerâmicas, sobretudo jarras, potes e afins, com desenhos e cores aplicados com esmaltes de tal modo espessos que adquirem um relevo pronunciado, pela sua qualidade estética tornaram-se clássicas.
A produção da cerâmica tradicional com desenhos de Max Laeuger foi considerada a mais elevada forma de expressão cerâmica na Alemanha da época e influenciou muitos criadores cerâmicos do século XX.
Parte do sucesso destas peças também se deve ao pintor Hermann Hakenjos que, chegado a Kandern em 1895 com Max Laeuger, transpunha os desenhos do mestre para os diferentes modelos de forma exemplar. Haveria de ser director da fábrica de 1920 a 1929.
Graças à sua expressividade e inovação, recebe medalhas de ouro nas exposições universais de Paris, em 1900, de St. Louis, em 1904, e de Bruxelas, em 1910. Já no final da sua vida, foi-lhe atribuído o Grande Prémio da Trienal de Milão em 1951, um ano antes da sua morte.
Independentemente de todos estes predicados que acabámos de expor, Max Laeuger é uma das nossas paixões enquanto coleccionadores. Só lamentamos ter tão poucas peças da sua autoria.
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