Data: c.
1945 - 50
Dimensões: alt. 29 cm
Já aqui tínhamos postado, em 5 de Outubro de 2013, uma
jarra modelo 148 mas complementado pela letra «X», correspondente a uma das
últimas decorações aplicadas a esta forma.
Tal como então dissemos, no catálogo de loiças decorativas
de inícios dos anos 40 a forma nº 148 aparece-nos ilustrada com as decorações «A»
e «B», as duas primeiras de toda uma série. Pela lógica sequencial a que hoje
se apresenta corresponderá à terceira aplicada a este modelo. Uma outra
decoração com cravos já se fazia anunciar num modelo (79-B) mais pequeno no
referido catálogo.
A sua decoração é muito eclética nas referências. Um
ecletismo tardio e conservador. Encontramos nela laivos de grotescos neo-renascentistas
nos arabescos que enquadram os medalhões com sugestões florais ainda de uma
certa tradição Arte Nova que Aleluia-Aveiro cultivou até tarde. Depois, em
termos técnicos, temos a pintura manual da quase totalidade da peça, excepção
feita no gargalo que aparece finamente esfumado a aerógrafo. Digamos que se
trata de uma decoração “reacionária” e, não fora tê-la encontrado na Bélgica,
talvez nem a tivéssemos adquirido. Mas as colecções também são feitas de
acasos, ou de afectos, e neste caso comprámo-la apenas pelo prazer de fazer
regressar a casa mais uma peça portuguesa.
Se
a memória não nos falha, já por aqui teremos escrito, citando Marc Guillaume,
que “conservar é lutar contra o tempo”. Porque está subjacente ao acto de coleccionar
o facto de se preservar, sentimos que contribuímos, à nossa pequena escala e
parcos recursos, para mantermos acesa essa referência à memória e sentimento de
posse colectivos. É que muitas colecções privadas contribuíram no passado, e
continuam a contribuir ainda hoje, para dar origem ou engrossar acervos públicos
ou de acesso público, ou para integrar exposições temporárias temáticas.
O
futuro ditará o destino desta nossa colecção. Talvez nem assistamos ao
desfecho, mas gostaríamos que pudesse um dia vir a integrar uma colecção
pública. Estamos em crer que contribuiria para um melhor conhecimento da
cerâmica decorativa e de uso quotidiano produzida no nosso país na primeira
metade do século XX. Um olhar pessoal, certamente, mas será pela soma das
partes e pelas diferentes leituras que cada um faz individualmente, que poderemos
ter uma melhor interpretação do todo.
Sem comentários:
Enviar um comentário