domingo, 11 de janeiro de 2015

Jarra com cisnes – Aleluia-Aveiro


Jarra de faiança moldada de forma ovoide com decoração estilizada, tricolor, a creme, amarelo-torrado e preto, estampilhada com apontamentos à mão. Um conjunto, que se repete duas vezes num contínuo que envolve o bojo, de três cisnes brancos (cremes com apontamentos a castanho nas penas e bico), voa sobre mar estilizado às listas e nuvens pretas que se recortam num céu amarelo-torrado. No fundo da base, carimbo preto Aleluia-Aveiro, sobrepujando «Fabricado Portugal» inscrito num rectângulo e «E» (?) pintado à mão a preto. Carimbos a preto «Made in Portugal» e «Hand Painted». Pintado à mão, a preto, «17-I»
Data: c. 1935 - 45
Dimensões: Alt. 18 cm


Nesta composição, os cisnes voam num céu dourado de um entardecer ou de um alvorecer pejado de nuvens pesadas. Partem ou regressam ao local onde pernoitam em bando, por oposição à solidão do par de cisnes presente na jarra da Royal Copenhagen anteriormente postada, mas cuja filiação não deixa de ser evidente.


Não há qualquer simbolismo associado a esta composição graficamente estilizada, antes uma mera composição decorativa, de cores planas, apesar dos apontamentos das penas, que se integra numa estética Art Déco comum na produção da fábrica Aleluia-Aveiro. A jarra figura ilustrada na terceira página do Catálogo de loiças decorativas dos anos 40, que se reproduz, como sendo o modelo nº 17-I.


O cisne não faz parte da fauna lacustre associada à Ria de Aveiro. Em países do sul é utilizado como ave ornamental, dando exotismo e sofisticação a lagos de jardins em contexto urbano.

Outrora abundantes nos lagos de jardins lisboetas, os cisnes foram hoje infelizmente substituídos por patos-mudos de capoeira em quase todo o lado.

Ainda nos lembramos com saudade das diferentes espécies de cisnes brancos do hemisfério norte que, coabitando com cisnes negros australianos e cisnes de pescoço preto sul-americanos traziam refinamento aos jardins da Lisboa provinciana de então, da Avenida da Liberdade ao Campo Grande, da Estrela ao Campo Mártires da Pátria... Veículos de variedade e encantamento maravilhavam crianças e adultos. Pena que a agressividade da vida urbana seja argumento para o seu desaparecimento. É triste ver os abrigos preparados para essas aves ora ocupados pelos seus parentes menos nobres ora vazios. Como contar a estória do Patinho Feio e fazê-la compreender a uma criança que nunca viu um cisne a nadar majestosamente num lago?

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