Caixa (boleira) art
déco de faiança moldada com decoração estampilhada e aerografada com motivos
abstractos a castanho-mel e cor-de-rosa. A taça, em meio-cilindro, assenta
sobre quatro pés rectangulares exteriormente canelados. A tampa, ondulada, é
seccionada em quatro partes desniveladas centradas pela pega rectangular e
canelada. Tanto a pega como os pés são aerografados a castanho-mel. No fundo da base, carimbo azul
Lusitânia FLCL – Coimbra – Portugal
Data: c.
1930-35
Dimensões: Comp. c. 22,2 cm x larg. c. 11,5
cm x alt. c. 16 cm
Na peça que hoje apresentamos da unidade fabril de
Coimbra da Fábrica Lusitânia, para além da forma que atribuímos a uma origem ou
influência alemãs, a decoração é particularmente interessante e parece-nos
pouco comum no panorama nacional.
A técnica da estampilha com esfumado será igualmente
de génese germânica. Todavia, a decoração mais livre, porque menos condicionada
pelas formas geométricas ou fitomórficas estilizadas empregues nessa produção, é
aqui mais lírica. As estampilhas, profusamente recortadas, intercalando as duas
cores com as suas gradações tonais, remetem para uma simulação de nuvens
acasteladas a mel e rosa fazendo-nos imaginar uma alvorada ou um entardecer.
Encontramos aqui uma outra influência, a do Gio
Ponti dos anos 20, também ela contaminada por formas e decorações da Europa
Central. De facto, nas peças deste genial criador que aqui exemplificamos, com
representação de nuvens, ondulação ou poeira, encontramos pontos de contacto
com a decoração desta caixa de fabrico nacional.
Ou, porque não, ver também nela uma reminiscência das
imagens de amontoados de nuvens, copas de árvores ou montanhas que, em camadas
sucessivas, aparecem em pinturas de Amadeu de Sousa Cardoso de 1912, embora certamente
o criador desta decoração as não conhecesse.
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