Caixa de
porcelana moldada, modelo nº 1390 e decoração nº 96 (?) criados em 1932 por Fritz
von Stockmayer. De corpo esférico, assenta sobre pé e é rematada por gargalo
preto, que, com a tampa, ficam com as mesmas dimensões. Recebeu uma decoração
estampada de fundo cinzento claro envolvido por ténues faixas de gaze aprisionadas
sob uma quadrícula esparsa de linhas a preto onde evoluem folhagem - ou flores
- estilizada em três cores e texturas diferentes, umas lisas a preto e branco e
outras avermelhadas com a textura da gaze. Na tampa, na vertical, duas moedas a
ouro, de dimensões distintas, apostas e desencontradas, formam a pega. Na base,
marca carimbada a verde «Porzellanfabrik
Arzberg» e «Arzberg/Bay.[Bayern]», com nº 96 a preto. Selo da casa Carl
Weiffert onde foi vendida (parcialmente rasgado).
Data: 1932 Dimensões: alt. 15,5 x diâm. 14,5
Para além das caixas serem um dos leit motiv das nossas colecções, na produção cerâmica, no caso de porcelana, temos também designers de eleição: Fritz (Friedrich Karl) von Stockmayer (1877 – 1940) é um deles.
Criador de formas e decorações, Stockmayer
nasceu em 18 de Dezembro de 1877 em Estugarda, descendente de famílias de militares
e universitárias. Depois dos seus estudos académicos parte para Paris e Palermo
onde trabalhou num banco, regressando, aos 23 anos, a Estugarda. Seguidamente
trabalha para uma sociedade de exportação que o leva à Abissínia.
Quando eclodiu a I Guerra Mundial, Stockmayer
partiu para o Cairo e dali por barco regressou à Alemanha via Trieste, onde vai
cumprir o serviço militar. Poucos dias depois é ferido em combate, sendo
atingido no estômago por uma bala dum-dum, que o leva a ser internado e a estar
um ano de cama. Na longa convalescença no hospital, nunca deixou o lápis e a caixa
de aguarelas, prosseguindo a veia artística que desde a juventude tinha como
passatempo.
Questionamos se não terá sido este
sofrimento a estar na origem da decoração da peça que apresentamos, «enfaixada»
em gaze, onde possivelmente, as linhas pretas e a folhagem/flores remetem,
simbolicamente, para uma estilização de arame farpado a que o apontamento
avermelhado, cor de sangue seco, dá maior consistência.
No fim da guerra passou a trabalhar
numa empresa na Suábia e teve tempo para continuar as suas experiências
pictóricas. Numa passagem por Itália aprendeu a pintar sobre porcelana. Foi
este o princípio da actividade que o tornou conhecido, já que soube estabelecer
pontes entre o passado e a sua contemporaneidade na pintura sobre porcelana,
dando origem a importantes inovações técnicas. Fábricas como Arzberg,
Schoenwald, Kahla,
Fürstenberg, ou Thomas reconheceram o seu mérito criativo, culminando
como director artístico, a partir de 1935, da fábrica de porcelana Rosenthal em
Selb, na Baviera, onde ingressara em 1932.
Todavia, a sua produção mais
importante e valorizada é constituída pelo conjunto de peças que criou para a
Arzberg de c. de 1930 até 1932.As suas criações mostram uma profunda influência asiática e remetem-nos, por vezes, para um grafismo que se adianta no tempo, parecendo algumas das suas peças de inícios de 1930 serem do pós Segunda Guerra Mundial. Morre em 11 Julho de1940 com 62 anos.
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