Par de ampara-livros art déco de porcelana moldada e relevada, craquelé, de cor marfim, composto por duas figuras sentadas, um fauno e uma ninfa, sobre soco sextavado que se prolonga em L na vertical formando o encosto. Em ambos os socos, sob os pés da ninfa e os cascos do fauno, inscrito na pasta «LEJAN». No interior oco das peças, carimbo verde «V.A.» «Portugal» (marca nº 31 - 1924-1947).
Data: c. 1930
Dimensões:
Fauno: Alt. 17,5 x comp. 16,2 cm x larg. 8 cm
Ninfa: alt: 16,5 cm x comp 17 cm x larg.
Este conjunto de
ampara-livros foi-nos vendido como pertencente à mesma unidade (ou será que
seriam pares de faunos e de ninfas?).
Mas não é essa
questão que fundamentalmente nos interessa. A propósito deste ampara-livros e
de outras peças assinadas «Lejan» produzidas em Portugal pela Fábrica da Vista
Alegre, que temos vindo a apresentar, hoje voltamos à problemática identidade
do seu autor.
De Lejan apresentámos, em 2011, peças da
Vista Alegre, caso do «Pierrot», em 11 de Novembro (e um post sobre o seu émulo
da fábrica francesa Orchies, assinado «Dax», em 13 de Novembro seguinte), do «Arlequim», em
14 de Novembro ou do «Urso
polar» em 27 de Dezembro.
Apesar de enigmático é consensual que Lejan,
Le Jan, Genvane, Dax, Jeanle, sejam a mesma e única pessoa.
No catálogo
da Exposição realizada em 2007 no Musée des Années 30, Sèvres. Boulogne-Billancourt: La ceramique indépendante, p. 124, um
apontamento biográfico refere que Lejan “é uma assinatura misteriosa e
impenetrável. É nome de artista ou pseudónimo? Existiu realmente ou é um nome
utilizado por uma manufactura para assinar as peças de diferentes artistas?”
No livro Les craquelés Art déco: histoire et collections, de Hardy
e Giardi, de 2009, que já citámos noutro post, diz-se ser Lejan um prolífico
escultor que continua a causar polémica em França, sendo considerada a mais
enigmática das personalidades evocadas.
E nós, enquanto coleccionadores e
amadores destas coisas, e baseados em documentação e aproximações formais,
propomos uma atribuição que pensamos cada vez mais consistente.
A hipótese que levantámos no post dedicado a
um peixe craquelé assinado Lejan, em
29 de Dezembro de 2011, no seguimento de uma base de candeeiro da Cerâmica S.
Bernardo, de Alcobaça, postada em 21 de Novembro desse ano, que reproduzia nos
anos 80 do século XX, uma das bailarinas
de Jean-Baptiste Gauvenet
(1885-1967) para Sèvres, chamávamos a atenção para as aproximações no
maneirismo das torções dos corpos, nos perfis das cabeças e mesmo nas golas do
vestuário encontradas nas bailarinas de Gauvenet e os ditos Pierrot e
Arlequim de Lejan, da V.A.
Continuámos a fazer análises comparativas, de que aqui damos alguns
exemplos, entre obras assinadas Gauvenet para Sèvres, em porcelana, e outras -
faianças craquelé em França ou porcelanas em Portugal – com as diferentes
assinaturas. Deparámo-nos de novo formalmente com linguagens muito similares.
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