Jarro art
déco
para cacau de faiança moldada, de bojo esférico, assente sobre pé circular, e
colo alto cilíndrico. O bico, embutido no colo, parte do bojo em direcção ao bocal que é
coberto por tampa de metal cromado. Toda a superfície recebeu pintura
aerografada em dois tons de castanho, formando uma sobreposição de faixas horizontais, de diferentes espessuras, parcialmente em
esfumado, que intercalam com a cor beije da reserva. Asa e bico são uniformemente castanho-chocolate. No fundo da base, carimbo preto, em forma de
escudo, com a inscrição «Carstens» e «C G» sobrepujado por «Gräfenroda». Carimbos,
igualmente a preto, «Dec 667», «Foreign» «24» e «34»
Data: c. 1930
Dimensões: Alt. 20 cm (s/tampa) x diâm. c.
14 cm
Trata-se da forma «Leine» com a decoração nº 667, e tem uma capacidade
para cerca de litro
e meio.
O
despojamento e a funcionalidade da Bauhaus, presente na forma e na decoração
minimalista, incluem este tipo de peças funcionais numa art déco vanguardista, muito característica dos objectos de uso
quotidiano na República de Weimar.
Podem ver uma chocolateira idêntica no V&A (Victoria and Albert Museum) cuja ficha de inventário informa que,
provavelmente, terá sido desenhado por Rausch, um aluno de Artur Hennig, e fabricado pela Christian Carstens,
Kommandit-Gesellschaft Feinsteingutfabrik, Gräfenroda, em c. de 1930. Esta forma, com esta decoração em particular, parece
ter feito sucesso no Reino Unido. A nossa peça foi comprada em Edimburgo, na
Escócia, por exemplo, e o carimbo «Foreign»
indica que se tratou de uma produção para exportação.
Porém, o mais interessante foi o que tivemos possibilidade
de constatar nesta passada terça-feira, de manhã, 7 de Julho, na Feira da
Ladra. Há muito tempo que não fazíamos em dia de semana esta voltinha simpática
no meio do caos à procura das tão nossas apreciadas velharias.
Não foi um dia particularmente encorajador dado
pouco termos visto que nos entusiasmasse verdadeiramente. Mais, constatámos
que os preços continuam especulativos em excesso face aos tempos de crise em
que vivemos.
Todavia, uma surpresa aguardava-nos. Não que nos
interessasse adquiri-la, mas antes pelas questões que levantava. No meio do “lixo”
surgiu-nos um jarro igual a este à venda e, por curiosidade, quisemos confirmar
a germanidade da marca. A curiosidade instalou-se, pois a peça tinha apenas um
único carimbo que informava «Made in England». Ora este modelo e decoração são
indubitavelmente alemães, por isso das duas uma, ou a Carstens produzia uma
parte da sua produção, sem marca, para ser vendida «in England» ou alguma
fábrica inglesa a copiava. Mas não será certamente esta última versão porque
pasta, cores, decoração e vidrados são inequivocamente iguais às de origem.
Sem comentários:
Enviar um comentário