A
propósito da visita que ontem fizemos à exposição itinerante «Deutscher
Werkbund.100 anos de arquitectura e design na Alemanha. 1907-2007», movimento
que trouxe influências incontornáveis que perduram ainda hoje, ao promover a
colaboração entre a arte, a excelência artesanal e a indústria, escolhemos a
peça de hoje.
Trata-se
de uma jarra de faiança moldada composta pela justaposição de duas formas
geométricas que se interpenetram. Do bojo ovaloide, assente em base saliente,
abre-se um colo troncocónico invertido com bocal em anel. De cor amarela com decoração
estampilhada e aerografada, com apontamentos à mão, em tons laranja e castanhos.
Na parte superior uma composição geométrica abstracta, escalonada na oblíqua,
resultante da sobreposição de estampilhas, repete-se três vezes. No seu
alinhamento, junto ao estrangulamento, uma composição de linhas castanhas, três
verticais cortadas por duas horizontais. No fundo da base carimbo castanho
«7670» e inscrito na pasta «3233».
Data: 1932
Dimensões: Alt. 22 cm
Embora sem marca, é da Villeroy & Boch, da unidade fabril de Torgau, de 1932, modelo 3233, conforme catálogo da fábrica dessa mesma data.
Se nesta peça icónica de Friedlaender o despojamento
da forma e ausência de decoração enfatizam a função, na reinterpretação da Villeroy & Boch a forma é relativamente
secundarizada por uma decoração de padronagem aerografada. Assim o
funcionalismo integra-se numa das vertentes do Art Déco alemão. Destinada a uma população economicamente mais
desfavorecida, cumpria a sua função de divulgação de uma estética de vanguarda
junto das massas em tempos de crise. A arte e a indústria aliadas e ao serviço
do povo.
Pena
que o catálogo que acompanha a exposição seja apenas em língua alemã e não
tenha havido o cuidado do país que a concebeu, dado ser uma exposição
itinerante, de ter editado uma versão numa língua veicular mais acessível a um
maior número de eventuais interessados. É verdade que existe uma pequena brochura
com textos em português, em jeito de síntese, mas sem o complemento ilustrativo
das peças ou demais imagens expostas.
2 comentários:
Concordo inteiramente convosco. É realmente uma pena o catálogo não ser bilingue e numa exposição itinerante é incompreensível. Seria conveniente que os alemães apostassem mais em edições bilingues, pelo menos nesta área de trabalho, deparamos constantemente com esse problema.
CMP*
Cara CMP,
Nós acabamos por adquirir muita bibliografia em alemão, mais que não seja para obter datações, autorias e centros de fabrico. Por vezes pedimos ajuda externa quando precisamos de aprofundar um pouco mais. Mas não é solução. Helas!
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