Jarra solitário, de faiança moldada, em forma de jarro curvo, com três faces, estreitando da base para o bocal, com aleta igualmente curva onde se inscreve abertura circular. A parte da frente, convexa, de cor branca, recebeu decoração geométrica de linhas a preto que se entrecruzam obliquamente na vertical, cortadas pontualmente por segmentos de recta, também a preto, formando pequenos trapézios a azul e laranja. As duas outras faces são côncavas, a preto, com a cor branca a cobrir o rebordo exterior da “pega” e o interior da abertura circular. No fundo da base, carimbo castanho «Aleluia Aveiro» em cujo centro aparece um I pintado à mão, a preto, sobrepujando carimbo da mesma cor «Fabricado Portugal» inscrito num rectângulo, e, à mão, a preto, 815.
Data: c.
1955 - 65
Dimensões: alt. c. 40,7 cm
Mais que um objecto decorativo com função específica, como a denominação
“jarra” nos poderia indicar, trata-se de uma peça essencialmente escultórica. Situação,
aliás, comum a outras peças da Aleluia-Aveiro que temos apresentado.
Não foi por acaso que quando a vimos imediatamente estabelecemos uma
associação formal com o projecto vencedor do concurso internacional, realizado
em 1958, para o monumento ao Infante D. Henrique a erguer em Sagres e
inviabilizado pelo governo (Salazar não gostou do arrojo …).
Baptizado «Mar
Novo», o projecto, concebido em 1957, é
do arq. João Andresen (1920-1967), em co-autoria com o escultor Barata
Feio (1899 – 1990) e o pintor Júlio Resende (1917 -2011). O título da obra
poética homónima de Sophia de Mello Breyner Andresen é uma homenagem ao
trabalho do seu irmão João.
Vela enfunada aberta ao Atlântico, esta monumental obra ímpar, simbólica
e de prestígio, parafraseando José-Augusto França, obviamente com impacto na
época, poderá ter inspirado o autor da peça cerâmica. O que acha CMP?
A decoração, aliás comum a várias outras formas, é de um grafismo
mondrianesco, que enfatiza de forma irónica, naturalmente inconsciente, a
monumentalidade da vela enfunada, aqui rasgada e remendada.