Jarra art déco de porcelana moldada, em forma de balaústre, com decoração
vegetalista. A cor azul de fundo terá sido aplicada a aerógrafo sobre
estampilha, que deixou em reserva o branco das flores. A restante pintura, a
preto, foi aplicada à mão, eventualmente com recurso também a estampilha, sobre
o vidrado. A decoração restringe-se a uma única face, com o bojo a apresentar
uma ondeante sobreposição de estilizadas flores brancas e azuis, parcialmente
contornadas a preto, que se prolongam, subindo em falsa perspectiva, até ao
bocal cintado a preto. Folhas pretas, esparsas, ladeiam as flores. A decoração reduzida a uma única face
remete ainda para uma permanência de uma estética japonizante. Lateralmente apresenta a assinatura da autoria
da decoração, E. Margerie. No fundo da base, à mão, a preto, silhueta de
um cisne e P. Bastard Paris.
Data: c. 1925 - 30
Dimensões: alt. 21 cm
P. Bastard corresponde ao editor de objectos decorativos Georges
Bastard (1881-1939), que participou nas exposições de 1925 e 1937e também um
importante criador de objectos decorativos Art Nouveau e Art Déco em França. Em
1935 torna-se director da Escola Nacional de Artes Decorativas de Limoges e curador
do Museu Adrien-Dubouché. Em 1938 é nomeado Diector da Manufactura Nacional de
Sèvres. E. Margerie foi responsável pela decoração da maioria das
peças editadas por Bastard.
Foi o
acaso que nos fez encontrar recentemente, neste mês de Agosto, a peça, em
Lisboa, na Feira da Ladra. Um elo perdido importante para melhor compreendermos
a rede de influências na produção nacional quando a bibliografia é escassa ou
inexistente.
São por
demais evidentes as afinidades decorativas desta jarra com uma outra produzida
pela Vista Alegre que mostrámos no passado dia 28 de Março deste ano. Se à data
nada sabíamos sobre a sua autoria ou datação, tendo então mesmo sido aventado
um «vago paralelismo» com peças de Eva
Zeisel para a fábrica alemã Schramberg, a peça de hoje esclarece-nos com toda
a certeza que se trata de uma origem francesa, concebida ao nível da decoração,
e possivelmente também da forma, por E. Margerie para Bastard-Paris.
São as consequências de temos descurado nos últimos tempos esta nossa
procura de objectos em solo nacional. Isto é, não temos tido disponibilidade
para fazer os trabalhos de casa, como, aliás, também este blogue se tem
ressentido.
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