Pratos de
faiança moldada e relevada de um serviço de mesa art déco editado pela casa Rouard, desenhado por Marcel Goupy. De cor branca, as abas são subtilmente
recortadas e relevadas nos bordos, destacando-se, a preto, seis motivos incisos
tendencialmente triangulares, desenho que lhes confere uma forma floral. Um
filete rosa-malva faz a transição para o covo em cujo centro se destaca um medalhão
circular com decoração estampada e estilizada a preto e rosa-malva, de diferentes
motivos de cervídeos entre vegetação. Os animais, praticamente reduzidos a
silhuetas, recortam-se na cor de fundo e entre a vegetação rosa-malva. Enquanto
no prato raso um único animal, uma corça, salta, no prato de sobremesa um veado
e uma corça descansam. Ambas as peças, no fundo da base, têm carimbos a preto
com a assinatura M. Goupy e, dentro de uma cartela representando em corte uma
taça, Rouard – France. Inscrito na pasta, no prato raso, B5 e, no prato de
sobremesa, B9.
Data: c. 1925Dimensões: Prato raso Ø 25,5 cm; prato sobremesa Ø
Marcel Goupy (1886-1954) estudou na Ecole Nationale des Arts Decoratifs de Paris, onde estudou arquitectura, escultura e decoração de interiors. Foi um talentoso pintor, joalheiro e ourives, mas acabou por se tornar célebre como ceramista antes de se converter também em artista do vidro de reconhecido mérito.
Iniciou a sua colaboração com a casa de George (Géo) Rouard em 1909, onde entra em 1919 para se encarregar da loja de decoração de Paris.
Após a morte de Rouard, em 1929, Goupy tornou-se director artístico da firma continuando a desenhar modelos e decorações para cerâmicas e vidros, até 1954, ano da sua morte.
Ao longo da extensa carreira de designer participou em numerosas exposições quer em França quer no estrangeiro.
As origens da Casa Rouard remontam à compra, em 1909, do estabelecimento «A la Paix», na Avenue de L’Ópera, 34 – Paris, que George (Géo) Rouard havia adquirido a Jules Mabut. Especializada na venda de artigos de mesa, com destaque para as cerâmicas e vidros, não só de Goupy, mas também de outros colaboradores, caso de René Buthaud, Émile Decoeur, François Decorchemont, Jacques Lenoble, Maurice Marinot, Henri Simmen, Lalique, Jean Luce, etc., Rouard torna-se, assim, uma personagem incontornável do movimento Art Déco ao promover os mais importantes artistas das artes decorativas da França de então.
Não por acaso, Rouard tinha criado, antes da Grande Guerra, em 1913, o grupo Les Artisans Français Contemporains.
A Casa Rouard participou na Exposição de 1925 com os seus artistas, partilhando um pavilhão com Jean Puiforcat e a revista Art et Décoration, concebido pelo arquitecto Henri Pacon.
Rouard tinha uma dupla vocação enquanto marchand e editor. Por um lado a peça única, por outro a edição semi-industrial, caso do serviço de mesa de Goupy, cujo modelo, de que hoje apresentamos dois pratos, esteve exposto mas com outra decoração na referida exposição (ver aqui).
Goupy não só participou com peças no pavilhão La Revue Art et Décoration et le groupe des Artisans Français Contemporains mas também apresentou outras em diversos pavilhões e foi membro do júri para os trabalhos em vidro.
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