Escultura de porcelana moldada e relevada, representando
um par carnavalesco, dado que a figura masculina está mascarada de Pierrot e a
mulher não será propriamente Columbina. Predominantemente branca, a cor aparece
pontuando a azul o traje do homem, enquanto no traje da mulher predomina o
amarelo e o rosa. Nos rostos, apontamentos a preto, nos olhos e cabelo, e
lábios encarnados. A atitude do par, abraçado, denota romance e sedução. Pierrot,
sentado num plinto, tem aos pés um instrumento de corda. A mulher, de corpo
flectido, assenta os pés num coxim. Na base, carimbo verde-cinza da fábrica
Fraureuth com F inscrito numa oval coroada e, por extenso, Fraureuth
Kunstabteilung. Pintado à mão, a azul, 191649 sobrepujando 2.
Data: c. 1919Dimensões: alt.
Comprado num leilão em Lisboa, esta escultura caracteriza-se
pela artificialidade da pose e pelo maneirismo das figuras, de corpos e
pescoços alongados, a desproporcionalidade dos membros, extremamente frágeis,
sobretudo na mulher, e o ondulante corpo desta. Há toda intenção anti-naturalista,
na estilização das formas e da postura que nos remetem para o expressionismo, tendência,
aliás, muito característica da arte alemã. Tais características transmitem-nos uma
certa sensação de estranheza difícil de definir, e que por vezes chega a
incomodar. É como a coca-cola que, no dizer de Pessoa, “primeiro estranha-se,
depois entranha-se”.
Este modelo
foi criado cerca de 1919 por
Erna Rosenberg [Nonnenmacher] (Berlim 1889
- ? Londres), para a fábrica Fraureuth.
Casada com o escultor Hermann Nonnenmacher, viveu e
trabalhou na Potsdamer Straße 29, em Berlim, onde o pintor germano-americano Lionel
Feininger (1871 – 1956) teve o seu estúdio entre
1911-1919.
Enquanto judia, a sua arte foi
classificada como degenerada pelos nazis. O casal acabou por fugir para Londres em 1938, onde passou a residir.
A fábrica de porcelana onde esta peça se produziu, foi criada, em1865, numa antiga fábrica de algodão em Fraureuth, por Arwed Gustav von Römer e Georg Bruno Foedisch, tendo começado por se chamar Römer & Foedisch. Em 1891 passa a nomear-se Fábrica de Porcelana Fraureuth AG, tendo-se convertido numa das maiores fábricas alemãs, e em 1915 cria o departamento artístico, atingindo os maiores lucros de sempre no ano seguinte. Em 1917 estabelece estúdios de pintura de porcelana em Dresden e em Lichte. E dois anos depois, juntamente com as fábricas de porcelana F. Kaestner e Zwickau, e com o estúdio de pintura sobre porcelana K. Steubler, estabelece a academia de artes para treino de artistas pintores de porcelana, como departamento independente na escola profissional de Zwickau.
Fraureuth continua a expandir-se até 1923
embora, devido a problemas provocados pela introdução de tecnologias
que falharam, entre numa derrapagem financeira que a levará à bancarrota em
1926, acabando, finalmente, por ser dissolvida em 1934.
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