quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Peixe de Lejan - França




Peixe de faiança craquelé, ligeiramente rosada, fortemente estilizado ao gosto art déco. Sem marca, para além de LEJAN inciso na pasta, na barbatana peitoral direita, pouco legível por causa do vidrado.
Data: 1934
Dimensões: 29,3 cm x 39,1 cm x 12 cm

Este peixe será o craquelé mais comum produzido em França e, talvez por isso, tenha sido tão famoso que acabou por se converter num arquétipo visual da Art Déco popular.
Foi vendido por Manufrance em 1934 e serviu por vezes de troféu em feiras e concursos de pesca (MALAUREILLE, Patrick - Craquelés: Les aimaux en céramique: 1920 – 1940. Paris: Massin Éditeur, 1993, p.51) Trata-se de uma criação do enigmático Lejan de quem já apresentámos peças editadas em Portugal pela Vista Alegre.
Prolífico escultor, Lejan continua a causar polémica em França, ao contrário do que afirmámos nos nossos posts dedicados ao «Pierrot» e ao «Arlequim» da Vista Alegre, sendo considerada a mais enigmática das personalidades evocadas no recente livro dedicado aos craquelés: HARDY, Alain-René;GIARDI, Bruno – Les craquelés Art déco: histoire et collections. Domont: Penthesilia, 2009, que acabámos de adquirir.
Na sua página 66 refere que não se sabe quem seja realmente Lejan, talvez um derivado do verdadeiro nome.
Este criador colaborou com múltiplos editores (Pomone, Le Verrier, ...) e manufacturas (Orchies, Sarreguemines, Boulogne/Seine, ...) a quem cedia direitos sobre os modelos, muitas vezes já anteriormente produzidos, tendo multiplicado os pseudónimos para baralhar as pistas: Lejan, Genvan(n)e e, a partir do seu hipotético lugar de nascimento, Dax, que não é, como supõe P. Malaureille, de atribuir a Cazaux. Encontra-se, igualmente, a assinatura Jeanle, sobretudo em pequenas estatuetas de metal patinado com cores diferentes e, raramente, sobre craquelés.

Quem sabe se o segredo não se encontra revelado no verbete nº 1049 do Catálogo Geral da Fábrica de Porcelana da Vista Alegre (Portugal), relativo ao artigo escultura «Arlequim», de 1927, que dá como autor Gauvenet (1885-1967), cujo primeiro nome é, afinal, Jean-Baptiste?
Na verdade, se analisarmos atentamente as bailarinas de Gauvenet, já mostradas, e os ditos Pierrot e Arlequim de Lejan, da V.A., encontramos aproximações no maneirismo das torções dos corpos, nos perfis das cabeças e mesmo nas golas do vestuário que se assemelham. E isto, para não falar na persistência de peças feitas em Portugal, de que conhecemos apenas exemplares tardios, feitos a partir de moldes do próprio Gauvenet (ver post: Base de candeeiro da Cerâmica S. Bernardo - Alcobaça).

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