Placa circular de faiança moldada (base para bolos), de bordo ligeiramente sobrelevado, com decoração geométrica estampilhada e aerografada. Bordo aerografado a azul em esfumado. No fundo da base, carimbo verde «brasão com rosa», da manufactura Max Roesler, sobrepujando «25» (carimbo usado de 1933 a 1941). Inscrito na pasta, no rebordo lateral, 6525/31.
Data: 1935-37
Dimensões: Ø
c. 32,5 cm
Forma nº 6525, cuja composição
dentro do abstracionismo geométrico, remete para as influências de Kandinsky e
do Suprematismo russo, com o desenho
estampilhado a aerógrafo ora bem delimitado pelo recorte da estampilha, nas
formas circulares e nos três segmentos de recta amarelos, ora esfumando-se num
dos lados nos demais elementos, caso do segmento de recta azul que a secciona a
eixo e da forma em S contraponto dos semicírculos apostos.
A marca que ostenta, o "brasão com rosa" sobrepujado por número, sob
vidrado em verde-azeitona, é
utilizada de 1933 a 1941. A numeração que acompanha este carimbo começa com 11, e atinge, em 1935, o
número 20. Em 1937 chega ao 33,
sendo o número mais alto registrado o 48.
Esta numeração permite, assim, a classificação temporal das peças, e daí a datarmos entre 1935-37.
Ora esta decoração abstracta
levanta-nos algumas questões devido à sua datação tardia, visto ser demasiado
vanguardista para o novo gosto oficial dominante, que a partir de 1933 vai reprimir a estética
que caracterizou a República de Weimar, e daí, por antítese, ser a nossa
escolha para iniciar a amostragem de outras criações que possuímos da empresa.
É que se deve a Wolfgang Kreidl (Dresden, 1906 - Wilhelmsburg 1972) a introdução da decoração a aerógrafo na unidade
fabril da Max Roesler em Rodach. A decoração aerografada, então em moda em
muitas fábricas de cerâmica alemãs, especialmente Waechtersbach, Grünstadt e as
fábricas do Grupo Carsten, levou Kreidl a ajustar-se às novas tendências.
Embora
a decoração da peça de hoje não seja, em princípio, da sua autoria - outras suas
hão-de ser aqui postadas – é herdeira do seu magistério.
Tendo
assumido em 1929 a gestão técnica do departamento de Darmstadt (que tinha um
caráter mais experimental), após o encerramento deste, passa, em 1931, ao
departamento de modelagem da unidade de Rodach, sendo também da sua responsabilidade
a elaboração das decorações estampilhadas. Em
1933, casa com Hilde Stade, que viria a morrer no campo de concentração de
Theresienstadt. Em Abril de 1934, abandona Rodach e foge para Viena. Em
1938 retorna à Alemanha com documentos falsos e assume a gestão técnica da
fábrica de cerâmica "Bergschmied" em Bad Schmiedeberg. Sobreviveu ao
regime nazi e retorna em 1947 à Áustria aí morrendo em 1972.
Quanto à fábrica propriamente dita, a sua designação
provém de Max Roesler (ou
Rösler) (1840-1922), fundador da Porzellan und
Feinsteingutfabrik Max Roesler A.G.,
filho dos actores Otto e Tina Roesler. A fábrica localizava-se em Rodach, na
região de Coburgo que hoje está integrada na Baviera.
O
registo comercial da companhia data oficialmente de 1894 tendo como objectivo o
fabrico, decoração e venda de porcelana e faiança fina. O símbolo escolhido
para a marca foi a rosa, remetendo para o nome da família. No ano de 1900 a
firma já produzia cerca de 1000 criações próprias que tinha registado.
Após
as mortes inesperadas dos seus dois filhos – Max, em 1897, e Heinz, em 1909, – e
não tendo sucessores, Roesler decidiu, em 1910, criar uma corporação em que
apenas os seus amigos pessoais e os funcionários se pudessem tornar
accionistas. Cada acção tinha um valor nominal de 1000 marcos e, no caso dos
trabalhadores que não tivessem dinheiro suficiente, podiam associar-se dois a
dois para comprar uma acção em conjunto. Estatutariamente 25% dos lucros
líquidos seriam divididos pelos funcionários.
Com o eclodir da Grande Guerra, em
1914, a produção foi interrompida, voltando, no entanto, a recomeçar
parcialmente no ano seguinte. Metade dos trabalhadores tinham sido chamados ao
serviço militar. As dificuldades subsequentes ao fim do conflito levaram Max
Roesler em 1919 a vender as suas acções a uma entidade bancária e a retirar-se.
No ano seguinte Roesler recebeu um doutoramento honoris causa em Munique, vindo a morrer em 1922.
Pouco tempo depois já a fábrica tinha
voltado à sua capacidade máxima de produção. Em 1923 os novos proprietários
compraram outra fábrica de cerâmica em Darmstadt e, após uma profunda
reconversão reabriram a empresa com a designação de Porzellan und Feinsteingutfabrik Max
Roesler AG, Werk Darmstadt. Em 1931, como consequência do
colapso do mercado em 1929, a unidade de Darmstadt foi encerrada.
Nunca tendo recuperado totalmente, a
fábrica de Rodach, foi colocada à venda em 1938 e, após um pesado projecto de “arianização”,
foi adquirida pela Siemens que a vai utilizar como subsidiária na produção de
isoladores. Em 1943 fundiu-se com a Siemens.
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