Base circular de faiança branca de bordo saliente e com duas pegas laterais trilobadas, assente sobre anel alto parcialmente canelado. Decoração estampilhada e aerografada a duas cores, a castanho e a azul-claro em esfumados, formando composição abstracta de motivos geométricos de círculos e ângulos, que tanto surgem isolados, como sobrepostos e desacertados. Bordo e pegas, aerografados no tom castanho. No fundo da base, carimbo castanho de círculo com igreja de duas torres e, inscrito na pasta, 30. Colado, resto de selo de época.
Data: c. 1930
Dimensões: Ø 35,5 cm (c/pegas) x
alt. 4 cm
A composição,
dinâmica, transmite um sentido de profundidade em direcção ao vazio, acentuado
pelas formas de cor azul-claro desmaiado. São evidentes as ligações às
estéticas vanguardistas da época que tão bem caracterizam a produção da
República de Weimar no campo das artes decorativas e que, por esta via, integram
uma das vertentes do Art Déco mais modernista.
Em nós (e, infelizmente, também em muitos outros colecionadores…) estas
cerâmicas utilitárias, de uso corrente, quer pelas formas, quer pelas
decorações, simples na técnica e grandes no efeito, exercem um fascínio que não
podemos negar.
Dada a altura, este tipo de base de cozinha, para
bolos e tartes, é designada em língua alemã por tortentrommel (tambor para bolos), distinguindo-a, assim, das menos
espessas tortenplatte, embora para
efeitos práticos essa diferenciação pouco adiante relativamente à função pelo
que em termos de «etiqueta», enquanto palavra-chave, optámos pela segunda
apenas.
Apesar de não ser a primeira vez que postamos
peças da fábrica Theodor Paetsch,
ainda não tínhamos escrito sobre ela. Chegou hoje a vez de o fazermos.
A Steingutfabrik
(fábrica de cerâmica) WE Paetsch foi fundada
em 1840 por Wilhelm Eduard Paetsch (1796 -1859) em Frankfurt
an der Oder (Francoforte no Oder). Em 1863 passa apenas a Steingutfabrik
Paetsch, em resultado de uma
sociedade criada pelo filho do fundador, Georg Theodor Paetsch (1833-1890) com Gustav Leopold Selle.
Junto a excelentes vias de
transporte – as instalações davam directamente para o rio Oder - a fábrica especializou-se
na produção em massa de loiça utilitária para cozinha e mesa e loiça sanitária.
Tendo conhecido uma rápida expansão, a partir dos finais do século XIX, vai
produzir artigos de baixo custo decorados a estampilha e a aerógrafo de grande difusão
nacional e internacional.
Em 1890, após a morte de Georg Theodor Paetsch, seu filho Theodor Friedrich Eduard Paetsch
(1867-1939) terá assumido a administração da empresa, sucedendo-lhe no cargo,
em 1930, seus filhos Theodor Wilhelm Georg Paetsch (1892-?) e Wilhelm Walter
Max Paetsch (1893-1970). Tinha a fábrica já a denominação por que é mais conhecida.
De 1920 a 1942 expôs
regularmente as suas colecções na Feira de Leipzig No entanto em 1933 abandonou
as formas e decorações vanguardistas, onde predominavam motivos geométricos - quadrados,
ângulos, pontos e bandas - que a caracterizaram e de que a base para bolos
apresentada é exemplar. Nesse ano passou a uma produção conservadora, tanto ao nível
das formas como das decorações, que passaram a apresentar motivos campestres e
vegetalistas por imposição do novo poder nacional-socialista.
Entre 1945
e 1953, data da nacionalização pelas autoridades comunistas, terá como
administradora Irmgard Paetsch (1898-1988) mulher de Wilhelm Walter. A fábrica
encerrou em 1955.
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