sábado, 30 de junho de 2012

Jarra art déco com flores de Max Laeuger - Karlsruhe


Jarra bojuda de argila vidrada com esmaltes espessos que fazem ressaltar, sobre o fundo creme, a profusa decoração estilizada de ramos a preto e flores verdes que preenchem a totalidade da superfície da peça. Bocal realçado a preto. Interior a creme. Na base, inscritos na pasta, carimbo da manufactura Karlsruhe, seguido de «1862» (modelo) e «PROF. LÄUGER», « Made in Germany» e «fe 30»
Data: c. 1920
Dimensões: Alt. c. 15 cm

Läuger)é director do departamento de design da "Staatliche Majolika Manufaktur" em Karlsruhe. Neste período dão-se alterações substanciais nas suas criações, embora no caso desta jarra ela ainda apresente afinidades com as peças que criou anteriormente para Kandern, caso do jarrão já mostrado. Todavia, a ornamentação tornou-se mais gráfica o que lhe confere um gosto mais art déco do que propriamente Arte Nova.



sexta-feira, 29 de junho de 2012

Busto de sátiro art déco – Canto da Maia

A peça que apresentamos serve para evocar a exposição que ontem foi inaugurada no Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado com o título «O Modernismo Feliz: Art Déco em Portugal: 1912-1960».

Tardava uma exposição sobre Art Déco em Portugal. Agora que vai passando o deslumbramento pelo design, que muitos à boca pequena dizem não suportar, começava a ser escandaloso o esquecimento de um período de mais de 30 anos que, de certa forma, moldou a paisagem urbana e o gosto estético no país. Era um desejo antigo, que já vinha dos anos 80 do século passado, e que agora, felizmente, se realiza. Esperemos que esta exposição seja apenas o princípio de um estudo mais aprofundado e abrangente do estilo dentro de um contexto internacional.


Escultura de terracota, à cor natural, representando um busto de sátiro num êxtase sorridente e sensual. A figura mitológica, com barba e cabelo estilizados, remete para a Antiguidade Greco-Romana reinterpretada ao gosto art déco. Embora não assinada, é de Ernesto Canto da Maia (ou Maya) (1890-1981) e provém da colecção da família do escultor.
Data: c. 1930
Dimensões: alt. 21 cm x comp. 14 cm x larg. 14 cm



Trata-se do estudo para a obra final de cimento (ver fotografia a preto e branco), destinada a decoração de jardim, cujo busto, com as dimensões alt. 39 cm x comp. 33 cm x larg. 33 cm assenta sobre plinto com 137 cm de altura.

Escolhemos esta peça porque consideramos serem Canto da Maia e Almada Negreiros os expoentes máximos do estilo em Portugal. Esperamos voltar ao assunto.


À custa do “esquecimento” acima referido se vai destruindo muito do legado arquitectónico Art Déco/Modernista, que alguns dizem ser a fase difícil da arquitectura portuguesa, para gáudio de especuladores e apêndices e empobrecimento do nosso património edificado, cultural e artístico.

Após a exposição « Art Déco 1910-1939» realizada em Londres, em 2003, no Victoria and Albert Museum, o estilo sofre nova revalorização e fortalecem-se, a nível mundial, rotas do Art Déco que são fonte de rendimento graças aos importantes fluxos turísticos que potenciam.



terça-feira, 26 de junho de 2012

Jarra «toupie» art déco com flores - Longwy


Mais uma das jarras da Fábrica de Faiança de Longwy da forma «toupie» (pião), neste caso a de maior tamanho que conhecemos do modelo.

Tal como as outras anteriormente apresentadas, trata-se de uma peça de faiança moldada art déco, esmaltada, craquelé marfim, oitavada, com friso envolvendo a sua parte mais larga. No friso, sobre um fundo mel-alaranjado, destaca-se uma composição estilizada de flores marfim com centro mel-alaranjado mais escuro que despontam entre folhagem listada a verde e a dois tons de azul. Os ângulos das oito faces superiores são acentuados pela presença de linhas verticais azuis, cor que envolve o gargalo. Linhas e composição floral são feitas segundo a técnica da corda seca. Na base, carimbo redondo com escudo e coroa Longwy, da "Société des Faïenceries" "LONGWY "- France. Número de decor : D.5051 e carimbado a preto, 30. Sob o vidrado, escrito à mão, a lápis, 32.
Data: c. 1925-30
Dimensões: alt. c. 32 cm x diâm. máximo 30 cm


domingo, 24 de junho de 2012

Figura de peixe art déco - Sacavém


Figura de peixe de faiança moldada e relevada, estilizada dentro da gramática art déco, assente sobre soco saliente, escalonado e ondulado. A peça, pintada a aerógrafo num monocromo verde-claro seco, apresenta escorrências que lhe conferem apontamentos mais escuros. Na base, carimbo verde Made in Portugal e, inscrito na pasta, LM 52 Sacavém
Data: c. 1935-40
Dimensões: Comp. c. 29 cm x alt. 22 cm x larg. c. 8 cm


Da relativa variedade de escultura decorativa animalista produzida pela Fábrica de Loiça de Sacavém (FLS), esta figura de peixe, sempre nos agradou de uma forma muito particular. Talvez pela estilização angulosa da peça, que diríamos “cubista”, e que lhe confere um aspecto quase caricatural, ou simplesmente, de uma maneira egoísta, porque não conhecemos outro exemplar para além do nosso.


A ficha, que acompanha a fotografia depositada nos arquivos do Centro de Documentação Manuel Joaquim Afonso do Museu de Cerâmica de Sacavém, cuja cedência de imagem agradecemos, indica ser um modelo criado por «Pintor Reis». Ficamos sem saber se «Pintor» é profissão ou apelido, pois não figura na listagem dos colaboradores da FLS, e dele nada conseguimos apurar.

Aparece mencionado nas tabelas de preços de faianças decorativas de 1945 e 1951 sob o nº 198, o que nos leva a crer que a sua produção se iniciou ainda na década de 30, dadas as características vincadamente art déco, e se extinguiu na década de 50. O que nos espanta é o preço deste tipo de peças à época da sua produção. Eram objectos decorativos caros e, por isso mesmo, destinados a um mercado muito circunscrito e daí, talvez, a sua raridade. Só a título de exemplo, na tabela de preços de Novembro de 1945, um exemplar colorido sem ouro custava 141$00, um preço exorbitante para a época, face aos salários médios praticados.


Aliás, a maioria dos exemplares que conseguimos reunir da lavra de escultura decorativa animalista da FLS, e não só, felizmente para nós, pertence ao grupo que denominámos na nossa gíria pessoal “da época boa” da produção inicial Art Déco da fábrica. Passamos a explicar uma lógica de raciocínio que ainda não está comprovada, e que, enquanto tese, carece de uma investigação mais aprofundada. A quase totalidade das esculturas de animais apresentadas, e outras que haveremos de mostrar, têm na base o carimbo oval «Made in Portugal». Portanto, exemplares que se destinavam também à exportação. Outra característica comum a quase todos eles: inscrito na pasta, o nº 52. Quando se reúnem estes dois elementos na mesma peça estaremos perante exemplares de excepção dentro da primeira linha produtiva Art Déco da FLS.

sábado, 23 de junho de 2012

Caixa zoomórfica - Olaria Alvarve (LA)?




Caixa de faiança moldada e relevada em forma de carneiro de rosto antropomorfizado em cujo dorso se rasga uma abertura com tampa. Esmaltado a castanho-escuro com lustre metálico, que lhe confere uma certa iridescência. O interior recebeu o mesmo tratamento. Na base, nas patas posteriores, carimbo circular preto com as letras AL (?) sobrepostas, ao centro, enquadradas por Algarve (?) e Portugal.
Data: 1948-1984 (?)
Dimensões: alt. 26 cm x comp. c. 24 cm x larg. c. 13 cm


Mais uma peça de uma qualidade plástica notável, inspirada na antiguidade pré-clássica do Crescente Fértil. E tal como a peça que indentificámos anteriormente como da Olaria de Alcobaça (OAL) , dela nada sabemos. Segundo uma nossa seguidora atenta, não pode ser OAL, porque o carimbo mencionará Algarve (e é, de facto, igual a uma marca que nos enviou onde «Algarve» aparece claramente visível ao contrário do carimbo desta peça)
A única certeza que teríamos, se fosse efectivamente da OAL, é que seria de produção posterior a 1948 e dado que a fábrica fecha portas em 1984, ficaria balizada dentro desta cronologia. Assim, tudo fica em aberto.
A sua aquisição foi devida ao acaso da sua descoberta e, embora fora do contexto estético e cronológico em que habitualmente nos centramos, acabámos por a adquirir dado o encanto e estranheza que em nós despertou.
Renovamos o pedido feito anteriormente aos leitores que, eventualmente, nos possam esclarecer as dúvidas levantadas.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

O Centro de Documentação Manuel Joaquim Afonso do Museu de Cerâmica de Sacavém


Não coleccionamos objectos de cerâmica só porque sim. Coleccionamos para melhor conhecer e perceber as dinâmicas industriais e produtivas, as modas, os gostos de toda uma época. Na verdade, o seu contexto social, económico, político, mental e artístico.

É evidente que não negamos haver também toda a vertente estética associada ao objecto, ao prazer de o possuir e, de alguma maneira, como já por aqui escrevemos, de contribuir para a sua preservação.

Pensamos que, ao longo dos breves meses de existência do blogue, já demos uma ideia, ainda que sumária, das nossas preferências e preocupações. Procuramos seguir os caminhos da modernidade dentro da vasta produção industrial do período que nos assiste, isto é, daquilo que está em consonância com o seu tempo próprio. Não nos interessam os neos enquanto pastiche, mas enquanto procura reinterpretativa que dará origem a algo novo.

Como trabalhamos, esta procura nem sempre segue o rumo que gostaríamos que seguisse. Trata-se apenas de um passatempo com que nos entretemos e descansamos o cérebro dos males deste país e do mundo, dado por vezes fazer falta uma pausa. Foi este o caminho que encontrámos para tê-la.


Em primeiro lugar tentamos ler o objecto em si mesmo, como fonte documental primeira. Depois, segue-se a pesquisa bibliográfica e daí andarmos atentos ao que foi e vai sendo editado em matéria de publicações monográficas, revistas e catálogos de exposições que interessem ao nosso propósito. Dadas as limitações de tempo, tentamos sempre adquiri-los, pelo que a nossa biblioteca acabou por ganhar contornos de núcleo especializado. Claro que a net veio facilitar, e muito, a busca. O que tem ficado sempre secundarizado é a pesquisa nos fundos documentais existentes.

Vem tudo isto a propósito de, finalmente, termos conseguido fazer um pouco de pesquisa, ainda que sumária, num desses acervos.

Trata-se do Centro de Documentação Manuel Joaquim Afonso, parte integrante do Museu de Cerâmica de Sacavém (CDMJA-MCS).

Não foi propriamente um primeiro contacto. O MCS faz parte, desde que inaugurou, do nosso circuito dos museus a visitar, enquanto amadores (no verdadeiro sentido) das artes da cerâmica, com a regularidade possível e de acordo com o seu calendário expositivo. Aos fins-de-semana evidentemente.

Com o aparecimento do blogue - e o mundo virtual tem, de facto, muitas vantagens - logo se estabeleceram trocas de contactos que se revelaram muito proveitosos.


Finalmente, consultámos o centro de documentação e confirmou-se o que suspeitávamos: um espólio rico e variado. Acrescente-se o termos encontrado uma equipa atenta, interessada, competente e simpática, que nos sugeriu pistas e nos guiou para além do que seria expectável. Acresce que grande parte da documentação se encontra digitalizada e por isso mesmo facilmente disponível, com a vantagem de preservar os originais existentes. Que esperam escolas, investigadores, colecionadores, e público em geral? O espólio está à espera de ser descoberto.

Podemos estar a ser injustos, mas pena é que a Academia continue com o preconceito de que a produção cerâmica se trata de uma arte menor e, por isso, menos digna. Mas, já agora, o CDMJA-MCS preserva arquivos de outras fábricas de Loures que esperam apenas que alguém as dê a conhecer. Provavelmente teriam surpresas agradáveis. Quando existem serviços e conteúdos, para além do equipamento propriamente dito, com esta qualidade, é incompreensível que estejam subaproveitados.


As imagens que hoje apresentamos, de peças art déco da Fábrica de Loiça de Sacavém, aqui anteriormente publicadas, muito teriam enriquecido os posts de então se tivéssemos feito a pesquisa em devido tempo. O nosso agradecimento ao CDMJA-MCS que tão generosamente nos permitiu utilizá-las. Reiteramos também os nossos agradecimentos a MAFLS que, de há muito, vem fazendo divulgação deste espólio e de quem tantas vezes "abusamos" ao utilizar as que publica.

Também nos parece que qualquer coisa mudou no museu. A exposição anterior e a que actualmente decorre, para a qual chamámos a atenção à data da sua inauguração, mostraram bem, pela positiva, essa mudança de rumo. Ganharam coerência temática e expositiva, criaram conhecimento, e, muito importante, são bonitas de ver.

Um senão: lamentamos a ausência de catálogos. Não havendo verba para um convencional em papel, porque não uma edição em CD, extremamente económica e hoje tão difundida internacionalmente?

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Prato art déco com dois pássaros de Géo Condé para a K et G Lunéville - França


Prato de faiança moldada com decoração policroma, estampilhada e aerografada, estilizada ao gosto art déco, com representação de dois pássaros sobre ramagens e folhagens curvilíneas que saem de um cesto. No verso, carimbo verde K et G Lunéville France. Inscrito na pasta PO (?).
Data: c. 1925
Dimensões: Diâm. 27 cm


Sobre o seu autor, Géo Condé (1891-1980), e das produções que realiza em simultâneo para as fábricas Lunéville, Saint-Clément e Badonviller, já aqui escrevemos anteriormente, e do seu trabalho e técnica apresentámos duas peças distintas.



O exemplar de hoje traz-nos uma das vertentes, que diríamos forte, das nossas colecções: peças cuja decoração é feita com recurso à estampilha e ao aerógrafo, de que também já aqui tivemos oportunidade de mostrar alguns exemplares alemães e portugueses.

 A combinação destas duas técnicas, rápidas e económicas, no período de grandes dificuldades financeiras que se seguiu à I Grande Guerra permitiu que as fábricas de cerâmica, sobretudo faiança, por um lado, respondessem aos efémeros fenómenos de moda dos loucos anos 20, por outro lado, explorassem os diversos caminhos da modernidade artística que se impunham num quotidiano ávido de novidade. Ao produzir e vender a baixo custo, dava-se a possibilidade das classes menos favorecidas acederem a objectos modernos e de apreciável qualidade plástica, e que a produção mais rarefeita da porcelana haveria de seguir o exemplo dada a sofisticação artística a que se chegou na utilização destas técnicas baratas, que ameaçavam a sua produção manual mais elitista.

Mas se a produção francesa aposta num desenho claramente delineado, plano, de cores fortes, sem nuances e degradés, caso do prato de Géo Condé de hoje, cujo desenho é límpido no seu recorte e cores bem evidenciadas, pelo contrário, grande parte da produção alemã aposta no sentido inverso, apresentando propostas mais vanguardistas, como também já escrevemos, que tiram o máximo partido dos esbatidos que a pulverização com o aerógrafo proporciona. Tentaremos continuar a ilustrar estas duas correntes e os seus reflexos na produção nacional.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Caixa esférica Art Déco com riscas a cinza e ouro de Fritz von Stockmayer – Arzberg - Alemanha



Em 29 de Abril passado apresentámos duas versões decorativas deste modelo de caixa esférica criado por Fritz von Stockmayer. Toda a carga simbólica que emanava das anteriores decorações está ausente na versão de hoje. Nesta, a geometria da forma, modelo nº1390, é reforçada pela aposição da decoração linear. O branco da porcelana é aqui revestido por uma sóbria e quase glacial composição de linhas cinzentas, de diversas espessuras que, numa gradação do quase branco ao quase preto, envolvem o toque quente de fiadas de linhas a ouro e branco que cingem o bojo. É também o ouro que realça o pé e o gargalo. Na tampa a mesma gradação de linhas cinzentas, concêntricas, é aqui rematada por dois filetes a ouro que definem o círculo branco em cujo centro se elevam as duas “moedas”, de bordo com filete a ouro, que constituem a pega. Na base, carimbo a verde «Porzellanfabrik Arzberg» e «Arzberg/Bay.» Não apresenta número de decoração.
Data: 1932
Dimensões: alt. 15,5 x diâm. 14,5


domingo, 17 de junho de 2012

Bule “Elefante” art déco – Sacavém



Pequeno bule de faiança moldada e relevada, em forma de elefante sentado, de cor amarela aplicada a aerógrafo, com reservas a branco, nos olhos e presas, e retoques à mão, a preto, nos olhos, patas e asa. Interior a branco. Na base, carimbo magenta Gilman & Ctª – Sacavém - Portugal, e carimbo verde em forma de “flor”.
Data: c. 1940
Dimensões: alt. c. 15 cm


Este modelo zoomórfico, que remete para um imaginário infantil, será replicado de uma criação alemã, da fábrica Goebel, de que aqui se mostra um exemplo, ligeiramente diferente. Trata-se, no caso, de um jarro para crianças que serviria, muitas vezes, para manter junto à cama, na mesa- de-cabeceira, dado que, em vez de tampa, apresenta um pequeno copo que encaixa no gargalo, à semelhança de um chapéu. Na base tem o carimbo a preto da marca Goebel, com coroa, e Germany, que terá sido utilizado por volta de 1935-1949, e, inscrito na pasta, S.497.1, Dep., para além de uma inicial (?) pintada à mão.

O modelo do simpático elefante da Fábrica de Loiça de Sacavém é mais equilibrado na sua composição com tampa que o seu equivalente alemão. Todavia, desconhecemos se a Goebel também produziu outras variantes. Este modelo integra-se na estética art déco, pela cor e pela estilização das formas que, neste caso, muito deverá ao cinema de animação norte-americano.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Escudela art déco, Atelier Primavera - Longwy




Na base, pintado à mão, Atelier Primavera - Longwy.
Data: c. 1925-30
Dimensões: diâm. 24 cm (c/ asas) x alt. 6,5 cm

Escudela art déco azul, Atelier Primavera - Longwy




Taça art déco de faiança moldada e relevada, em forma de escudela, esmaltada no exterior e no interior a azul-turquesa claro, craquelé, com bordo saliente sobre o interior, de cor azul forte, decorado por perolado regular azul-turquesa mais intenso, que se prolonga em asas listradas no mesmo tom turquesa. No interior da peça, no fundo, uma flor estilizada com os dois tons de azul referidos. As decorações são segundo a técnica da corda seca ou do “relevo contornado”. Na base, pintado à mão, Atelier Primavera - Longwy.
Data: c. 1925-30
Dimensões: diâm. 24 cm (c/ asas) x alt. 6,5 cm


quinta-feira, 14 de junho de 2012

Virgem e Menino – Vista Alegre


Pequena escultura de porcelana moldada e relevada representando busto de Virgem com o Menino, em versão cor-de-rosa com realces a prata nos resplendores, brinco e soco. A peça recebeu um tratamento escultórico quase plano, como se de um baixo-relevo se tratasse, apenas na frente, ficando reduzida a uma curvatura na parte de trás de modo a criar uma base que a sustentasse. Na base, carimbo verde V. A. (marca nº 31) e, inscrito na pasta, à mão, 24-1.
Data: 1935
Dimensões: alt. 9,5 cm x comp. c. 9 cm x larg. 3 cm




Segundo o que conseguimos apurar no catálogo do IX Leilão Vista Alegre, em 2009, onde, na página 41 exemplar idêntico, embora policromado, aparece em venda, acompanhado do respectivo verbete (nº 2199 do catálogo geral, desenho P. 1515), que aqui se reproduz, a peça será uma criação de 1935 de autor cujo nome não se consegue decifrar. No entanto, sabemos que se trata de um modelo francês da autoria de Cloda Mano, pseudónimo de Gabriel Fourmaintraux (1886 - ).


De acordo com informações recolhidas no Museu de Faiança de Desvres, Fourmaintraux nasceu em 27 de Maio de 1886, naquela cidade. Formado na Escola Superior de Cerâmica de Sèvres, começou a trabalhar, em 1905, na fábrica de faiança (edifício do actual museu) dirigida por seu pai Emile Fourmaintraux, onde deu início à produção de pequenos objectos de porcelana. Essa produção haveria de terminar, por motivos económicos, cerca de 1930, passando a fábrica a produzir exclusivamente faiança. Em 1930 Gabriel Fourmaintraux passa a dirigir a empresa familiar, criando novos modelos e decorações, caso dos craquelés, então muito em voga, que assina com o pseudónimo "Cloda Mano" que criou a partir dos nomes dos seus filhos. Todavia, o pseudónimo já seria utilizado anteriormente em objectos de porcelana, como se pode constactar exactamente num modelo de Virgem e Menino de porcelana que aqui se reproduz, datável da fase final da produção de porcelana, e que o museu de Desvres exibe na versão posterior de faiança.


Assim, face a estas informações, ficamos um pouco confusos quanto aos factos. Se a peça foi reproduzida pela Vista Alegre sem assinatura, leva-nos a suspeitar que, eventualmente, tenha sido comercializada sem licença. Se o nome ilegível do verbete, nos dados históricos, for o de G. Fourmaintaux, então a data da criação da pequena escultura não coincide. Será que alguém nos pode esclarecer?

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Caixa de chá de Paul Speck - Karlsruhe



Caixa de faiança moldada, para chá, em forma de paralelepípedo com listas horizontais castanho-mel e amarelo pálido intercaladas, realçadas com riscas alaranjadas e linhas a preto, onde encaixa tampa rectangular com as mesmas cores que envolvem a pequena pega paralelepipédica. As bandas e linhas horizontais ajudam a enfatizar a forma rectilínea da caixa. Dentro, uma abertura com tampa doseadora permite retirar o chá. Na base, inscrito na pasta, carimbo da Karlsruhe, Made in Germany, PSp [Paul Speck] 1620 [número de série] e 27 [decor?]. Pintado à mão, a preto, 4.
Data: 1924
Dimensões: 13 cm x 11,5 cm x 7,5 cm





Mais um exemplo do despojamento e funcionalismo de inspiração Bauhaus das peças rectilíneas criadas por Paul Speck para a Karlsruher Majolika-Manufaktur, neste caso uma caixa de chá, forma criada em 1924.


Do artista, de quem já tivemos oportunidade de falar, aqui numa fotografia com sua filha Anita, reproduzimos imagens de criações suas retiradas de duas brochuras promocionais da fábrica, ambas de cerca de 1930, onde peças idênticas à de hoje são mostradas.
A fotografia da primeira brochura intitulada «Form und Gebrauch», que traduzimos como «forma e uso», permite-nos observar o interior da caixa.


 Na segunda brochura intitulada «Fröhliche Sachlichkeit», que poderemos traduzir como «objectividade alegre» uma jovem elegante explora, com curiosidade, uma caixa de chá idêntica à que mostramos, entre outros modelos de caixas de chá e cigarreiras (como a azul que já aqui tivemos oportunidade de apresentar em 6 de Janeiro passado e com outras decorações que também aqui haveremos de ilustrar). De facto, Karlsruhe produziu uma vasta linha de produtos utilitários, de faiança, para além das criações de Paul Speck, de design, uns mais funcionalistas que outros, e decorações alegres e muito modernas. Hoje, se as víssemos à venda, 87 anos depois, continuaríamos a considerá-las tão arrojadas como à data em que foram concebidas.