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sexta-feira, 29 de junho de 2012

Busto de sátiro art déco – Canto da Maia

A peça que apresentamos serve para evocar a exposição que ontem foi inaugurada no Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado com o título «O Modernismo Feliz: Art Déco em Portugal: 1912-1960».

Tardava uma exposição sobre Art Déco em Portugal. Agora que vai passando o deslumbramento pelo design, que muitos à boca pequena dizem não suportar, começava a ser escandaloso o esquecimento de um período de mais de 30 anos que, de certa forma, moldou a paisagem urbana e o gosto estético no país. Era um desejo antigo, que já vinha dos anos 80 do século passado, e que agora, felizmente, se realiza. Esperemos que esta exposição seja apenas o princípio de um estudo mais aprofundado e abrangente do estilo dentro de um contexto internacional.


Escultura de terracota, à cor natural, representando um busto de sátiro num êxtase sorridente e sensual. A figura mitológica, com barba e cabelo estilizados, remete para a Antiguidade Greco-Romana reinterpretada ao gosto art déco. Embora não assinada, é de Ernesto Canto da Maia (ou Maya) (1890-1981) e provém da colecção da família do escultor.
Data: c. 1930
Dimensões: alt. 21 cm x comp. 14 cm x larg. 14 cm



Trata-se do estudo para a obra final de cimento (ver fotografia a preto e branco), destinada a decoração de jardim, cujo busto, com as dimensões alt. 39 cm x comp. 33 cm x larg. 33 cm assenta sobre plinto com 137 cm de altura.

Escolhemos esta peça porque consideramos serem Canto da Maia e Almada Negreiros os expoentes máximos do estilo em Portugal. Esperamos voltar ao assunto.


À custa do “esquecimento” acima referido se vai destruindo muito do legado arquitectónico Art Déco/Modernista, que alguns dizem ser a fase difícil da arquitectura portuguesa, para gáudio de especuladores e apêndices e empobrecimento do nosso património edificado, cultural e artístico.

Após a exposição « Art Déco 1910-1939» realizada em Londres, em 2003, no Victoria and Albert Museum, o estilo sofre nova revalorização e fortalecem-se, a nível mundial, rotas do Art Déco que são fonte de rendimento graças aos importantes fluxos turísticos que potenciam.



3 comentários:

  1. Caríssimos...

    Pronto! Com esta peça é que nos roemos todos de inveja... : )

    É bem verdade que ainda falta uma abordagem profunda, coerente e estruturada do estilo Art Déco em Portugal, embora o Rui Afonso Santos tenha vindo a dar importantes contributos para tal.

    Mas em Portugal continuam, e temo que continuarão, a faltar também muitos outros estudos aprofundados sobre diversas áreas da História da(s) Arte(s) no século XX...

    Saudações!

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  2. Caro MAFLS,
    A inveja é um sentimento muito feio :)
    Quanto ao mais que nos diz, estamos totalmente de acordo. Todavia, infelizmente o que acontece é não haver um número suficiente de investigadores a tratar dos mesmos temas. São precisas visões distintas, mesmo antagónicas, para gerar uma discussão produtiva que não existe nunca. Na verdade, por muito bons e honestos que sejam os investigadores, que na maioria das vezes o são, acabam por tornar-se senhores feudais dos quatro m2 de ciência que dominam e serem eles próprios vítimas das circunstâncias. Já temos idade suficiente para termos visto muitos episódios desta telenovela. Helas.
    Cumprimentos

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  3. Caro MAFLS,
    em jeito de P.S.
    Quando escrevemos "uma discussão produtiva" faltou-nos acrescentar, obviamente, "e isenta". :)
    Mais uma vez,
    Cumprimentos

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